Thursday, December 30, 2010

Wednesday, November 03, 2010

Os ceejays (ou, deveríamos dizer, os jotacês)

Sobre este lamentável assunto, recuperado agora vá-se lá saber porquê, é favor ler isto.

The motives for Brody’s fellow ceejays getting behind the book and repeating its slurs are less Jacobean. They seem to dislike Godard on general principles and have jumped at the opportunity afforded by the book under review to stick a fork in him. Perhaps a fairer book would have had the same results, although it would have furnished them with a less lethal fork. The reaction against Godard that I became aware of after the publication of Everything Is Cinema seems to be part of a larger reaction against a certain idea of the arts of film and film criticism by a whole generation of writers who are now comfortably ensconced in their careers. Godard, who embodies that idea, is their natural enemy and a reproach to their very existence. This inevitable downshifting from cultural struggle to cultural journalism also has to do, I think, with the spread of reactionary politics in America over the last 30 years.

Wednesday, September 15, 2010

The mainstream press

And yet, following the initial screening of Film Socialisme, Godard was repeatedly referred to by the mainstream press as irrelevant, obsessive, bitter, solipsistic, out of touch with the world, relentlessly and tediously indecipherable; he was charged by The Telegraph with “blathering opacity,” and with having a message both contemptuous and empty. (Todd McCarthy’s distressingly moralistic Indiewire review surely remains the most repulsive.) Fancy that for a work that urgently, if experimentally, addresses contemporary global politics, rampant technological and aesthetic change, environmental and ecological catastrophe, cultural amnesia, and our culture of trash, vulgarity (Ryan Trecartin anyone?), consumption, and fractured communication, the inevitability of growing old, and the perpetually relevant theme of sport, with exalted mental athletics outweighing physical ones. (daqui).

Ler isto em relação com o clip de há dois posts (e vinte e tal anos) atrás em que Godard fala do "inimigo" e o define como uma "cultura". O "inimigo" e a sua "cultura" são tão fortes que até neste belo texto de Andréa Picard (publicado na melhor revista de cinema em língua inglesa da actualidade) se nota o seu poder de condicionamento: aquele "if experimentally" da sexta linha, tão defensivo, tão justificativo, é uma cedência (quase um lapsus linguae, significativo por isso mesmo) ao autoritário moralismo estético (e depois, mais do que estético) da "mainstream press". Da "mainstream press", dos "mainstream blogs", da "mainstream tv" - de qualquer maneira, são os mesmos em todo o lado. "It's the culture"...


So disgusting

Cette cruelle voie

Monday, September 13, 2010

Leite ou sangue

Naturellement, Chabrol préfère insister sur ses convictions marxistes et déclarer dans le dossier de presse : "Je continue à croire aux rapports de classes et à souhaiter que les plus exploités puissent presser le nez de ceux qui les exploitent pour voir s'il en sort du lait ou du sang". Mais aqui, malheureusement em francês.

Penso que é uma descrição sucinta daquilo que interessou Chabrol do primeiro ao último filme, ainda que agora esteja mais na fashion intelectual falar dos charutos, da comida e do raio que o parta, em vez de em relações de classes, exploradores e explorados. Bon vivant ou monge - que importa isso - o homem trabalhou que se fartou (é ver a filmografia, fortunately em inglês, e pensar em tudo o que a filmografia não diz) e quando não saiu sangue saiu leite, ou vice-versa.

É engraçado, mas um dos clichés de agência noticiosa postos a circular tem alguma razão de ser. Quando se diz que Chabrol foi "fundador" da nouvelle vague estamos, num primeiro grau, no disparate absoluto: a nouvelle vague não era um instituto nem uma empresa nem nada que exigisse registo notarial, e se alguém a "fundou" foi a jornalista do L'Express que resolveu descrever como uma "nouvelle vague du cinéma français" aquele período de 59/60 em que vários cineastas com menos de trinta anos irromperam à superfície do envelhecido statu quo do cinema francês. Sucede que Chabrol, tão burguês remediado quanto eu e você, casou, aos vinte e poucos anos, com uma aristocrata endinheirada (que se não era aristocrata era endinheirada) e usou o dinheiro ganho por afinidade na produção de filmes - dele e de outros, como Le Coup du Berger, o primeiro Rivette, o primeiro filme "profissional" de qualquer dos cinco cahieristas (deixem a Varda e o Resnais de fora disto, que estavam noutra margem e fizeram outro caminho, acrescentem quando muito o Demy e não se esqueçam que o Doniol-Valcroze também fez filmes). Portanto aqui entramos no segundo grau: se falar de Chabrol como "fundador" da nouvelle vague roça o absurdo burocrático, não deixa de ser verdade que sem os seus fundos (ou os da mulher dele) a história não teria sido a que conhecemos.

Já tínhamos experimentado o fenómeno com Rohmer, em Janeiro passado: o elogio fúnebro de um cineasta francês, ces jours-lá, tem tendência, na intelligentsia blogueira e opinativa, a confundir-se com uma operação de resgate. Trocado por miudos, "era francês mas não era chato", e ser chato é que a gente não perdoa não é? Muito livro, muito Bolaño, muita modernidade literária, mas no cinema é historinha de A a Z em hora e meia, de preferência sem partes "paradas", ou é "o bocejo". Penso, desta vez, neste post do Eduardo Pitta, e em particular naquela lista inacreditavelmente precisa de cinco cineastas resgatados, em nome do "vasto mundo", ao "bocejo". Começo por constatar que, pela evidente ausência, o Godard e o Rivette são implicados no bocejo. Estando ambos ainda vivos (e activos), e sendo eles os dois sobreviventes do "eixo duro" da nouvelle vague, prova-se que Deus não faz as coisas por acaso e se está bem marimbando para o conforto estético do "vasto mundo". Agora o que me deixa suficientemente irritado para chegar ao ponto de estar a escrever isto é que aquela lista de nomes não faz sentido nenhum. E para mais, precisa de uma data: o "tempo em que o cinema francês não provocava bocejo" não é bem a mesma coisa que o tempo em que os animais falavam, pode-se (e deve-se) estabelecer uma cronologia. Ainda que em grosso modo - 1960, 1970, 1980, que tempo foi esse? Seria preciso começar por saber isto, para depois ser possível explicar porque é que aqueles cinco nomes juntos fazem, em qualquer circunstância (em qualquer data) uma salada sem pés nem cabeça. E porque é isto me irrita? Porque o Eduardo Pitta deve ter uns milhares de leitores diários, que lhe conferem um respeitabilíssimo módico de autoridade intelectual (que eu não contesto: sou um dos leitores diários) mas, por isso mesmo, aumentam a responsabilidade. E não me parece que lá por um tipo ser um crítico literário (bom) e ter um (bom) blog chamado Da Literatura esteja dispensado de rigor quando se põe a escrever sobre outros assuntos.

(parlo mai di astrofisica, io?).

Thursday, September 02, 2010

Pubblico di merda

Há trinta anos, nos alvores do berlusconianismo (então apenas) televisivo, Moretti, nos Sogni d'Oro, percebeu bem o monstro que a pantalhinha se aprestava a criar. É violento, mas é justo - e o monstro hoje está muito mais gordo. Moretti usou três palavras, e ainda estamos à espera de alguém mais sucinto.

A good Mann (isn't that hard to find)*











Por esta não estava à espera: em Manhunter (1986, na imagem) Michael Mann já andava à procura, entre outros reflexos, da luz de Miami Vice. Vinte anos separam os dois filmes, mas as ligações são mais que muitas. Que é que me falta agora: rever The Last of the Mohicans e descobrir que aquilo afinal é uma obra prima? O The Insider que achei tão chato? Quem se está a tornar um Mann hunter sou eu.

Observação marginal: Lektor por Lecter, o Brian Cox dá uma abada ao Anthony Hopkins.

*mil perdões à senhora O'Connor pelo trocadilho idiota, mas Super Mann está tomado desde os anos 50 (é o outro, o Anthony) e a minha imaginação, enquanto não for ali e voltar, está um bocado exaurida.

Wednesday, August 25, 2010

Uma rã é uma rã é uma rã

Se a imagem de síntese chegasse agora como o sonoro chegou, creio que o deixaria [ao cinema]. Tentaria durante algum tempo, não conseguiria, perderia a vontade e deixa-lo-ia. Não me sinto, em absoluto, um igual de todas essas pessoas que trabalham com máquinas que lhes permitem acreditar que estão a fazer alguma coisa. É como o Minitel: dois anos depois, quando se tem problemas com a namorada, o Minitel não serve para nada. No entanto, gosto muito de máquinas. Quando acabei as Histoire(s) du Cinéma fui dizer "obrigado" a cada máquina, até mesmo aos botões intermitentes. Não tenho nada contra os japoneses por fazerem máquinas, aborrece-me é o que eles fazem com elas. Façam filmes com imagens de síntese à vontade, mas não contem comigo para escrever o guião... Como dizia Rostand, as teorias vão e vêm mas uma rã continua a ser uma rã...
JLG, há muitos muitos anos, duma galáxia far far away, cada vez mais far, cada vez mais away.

Thursday, August 19, 2010

Nota marginal #2

Talvez. Ou talvez não: parece-me um procedimento que ao fim de meia dúzia de experiências já está velho, automático, convencionalizado e banalizado. Referia-me a este tipo de uso rotineiro, não ao uso que alguém, eventualmente, um dia venha a dar ao processo. 99% (vá lá, 95%) dos filmes fazem um uso pobre do som; mas um uso pobre do som incomoda-me menos do que um uso pobre das 3D, que é uma coisa que, digamos, salta à vista (ou assalta a vista). Poluição visual, berraria visual, luzes acesas só para não estarem apagadas, coisas assim.

De qualquer modo não queria ser ofensivo para a Baby TV. Vejo pouca televisão e ainda menos bebés, mas dos minutos de Baby TV com que já me cruzei pareceu-me que aquilo se faz com algum interesse (um bocado "chill out zone", é verdade), e que se trabalha duma maneira séria a relação de formas e cores com a indução de um estado de "consciência" particular. Em termos de atitude perante essa relação, tipos como o Brakhage ou o Jacobs tem coisas aproximáveis. Não acho que esteja a exagerar (muito).

Wednesday, August 18, 2010

Nota marginal (?) a um visionamento de The Last Airbender

Definitivamente, as 3D são uma espécie de Baby TV para adultos. Símbolo perfeito para a “grande regressão”, corolário do processo de deliberada infantilização do espectador que já vem de há muitos anos.

Tuesday, August 03, 2010

Citius altius fortius

Em Toy Story 3 – ainda um belo espectáculo, mas o mais frouxo e acomodado dos três – é interessante reparar em dois momentos que a versão 3D (a que vi) deixa ficar em plain old 2D. A sequência que revisita a infância do miúdo (e por extensão o tempo do primeiro Toy Story, de noventa e picos) através de uma simulação de imagens em vídeo doméstico; e um plano muito breve que mostra um cinema ao ar livre onde se projecta um filme de cowboys a preto e branco (se não estou em erro este plano aparece no preâmbulo, Day & Night, que aliás – estou com os rapazes do Independencia - me parece teoricamente mais rico do que o prato forte).

O vídeo dos anos 90 e o filme a preto e branco (ou simplificando, o vídeo e o cinema) ficam ambos despojados de efeitos de relevo. Preocupação de “realismo”, eventualmente nostálgico? Admito. Mas as entrelinhas são mais significativas: como não ver nessa escolha uma espécie de “decreto” pelo qual o “state of the art” tecnológico cede, novo-riquisticamente, à tentação de decidir o que é in-modernizável, impassável a 3D, e está, portanto, ultrapassado? Mais: como não ver, nesse decreto, a fixação de uma fronteira temporal estanque que define os objectos que servem e os que já não servem? Obviamente, Toy Story 3 é um objecto que serve, e é por isso que a ressonância é desagradável: vindas do lado de fora, as declarações de obsolescência têm uma dignidade que nas vindas de dentro – do “lado certo” da fronteira temporal – se transforma em mero exercício de poder (esmagador).

É um das coisas cansativas do cinema – ou de algumas maneiras de falar de cinema – na actualidade. Tornou-se uma corrida (e nem tem só a ver com tecnologia) e até a linguagem com que se fala de cinema está cada vez mais parecida com a dos comentários desportivos. O mais caro, o mais visto, o mais rentável, citius, altius, fortius, como aferição transposta para domínios (o estético, por exemplo) que não são aferíveis assim. É um fenómeno essencialmente internético: uma “perspectiva evolutiva” baseada em coisa nenhuma mas estupidamente assertiva. Os realizadores “superam” o que “já foi feito” e deixam “novos marcos” que eles mesmos, ou outros, um dia “superarão” – como se as palavras usadas para falar, por exemplo, sobre o Christopher Nolan (outro fenómeno internético por excelência) se tivessem tornado as mesmas com que se fala do Carl Lewis ou do Usain Bolt. No desporto, os records e os “marcos” apagam-se de facto uns aos outros, e os “marcos” superados deixam de existir, desaparecem (quem se lembra dos 9.93 do Calvin Smith?). Toy Story 3 apaga Toy Story 1, ou tem só vergonha de, agora que já vai nos 9.58, ser confundido com o tempo dos 9.93? Como explicar que no cinema – que é uma questão de memória – os 9.58 não “superam” os 9.93, e que o cinema – por ser uma questão de memória – é os 9.58 e os 9.93? Que o cinema tem certamente uma história tecnológica mas não se reduz a ela nem a uma sucessão de “marcos” progressivamente “superados”, e que, antes pelo contrário, o que interessa nele são os objectos únicos, que por o serem resistem à camisa de forças da “evolução” e excluem a necessidade, ou a possibilidade, de serem “superados”? Como explicar, em suma, que qualquer random Griffith dos anos dez permanece… “insuperado”?

Saturday, June 26, 2010

Tuesday, June 01, 2010

Reinventar

Na crónica de ontem, o MEC insurgia-se contra o uso da palavra “reinventar”, por, entre outros problemas, querer normalmente implicar que quem “reinventava” era tão bom ou melhor do que quem “inventou”, e também que a coisa “reinventada” passava a um estado superior ao da sua mera “invenção”. Partilho genericamente as preocupações do MEC com este abuso.

Mas acontece que de vez em quando quer-se mesmo implicar isso. Por exemplo, a frase que há um par de horas (três pessoas na sessão das 00.30 no King) me habita o espírito : “Em Noite e Dia Hong Sang-Soo reinventa o zoom”. Isto começa por ser uma maneira hiperbólica – em certas situações o exagero é uma forma de justiça – de elogiar o sentido do reenquadramento óptico em Hong Sang-Soo, e depois quer mesmo dizer que Hong Sang-Soo é melhor que o tipo que inventou os zooms, e que com ele o zoom se torna uma coisa melhor. Conduzindo a justiça hiperbólica a um paroxismo, diria mesmo que poucas vezes, desde o Era Notte a Roma com que Rossellini se tornou o primeiro tipo a reinventar o zoom ainda mal o zoom tinha sido inventado, o zoom se tornou numa coisa tão boa.

Um blog está morto a partir do momento em que o que é preciso justificar é a presença e a não a ausência, e quando um tipo não consegue escrever um post sem se imaginar a passar por uma introdução deste tipo. Mas são 5 e tal, boa hora para blogues zombies, estou em frente ao computador por obrigações profissionais, e de qualquer maneira eu estas coisas escrevo-as em questão de minutos, que não adiantam nem atrasam a todos aqueles que estão à espera que eu termine certas tarefas, nem pesam sobremaneira no meu sentimento de culpabilidade por ainda não as ter terminado.

Thursday, February 04, 2010

Fuga para a vitória

O lado esteticamente demissionário de Invictus intriga-me mais do que o que me chega a incomodar. Evidentemente, é inútil procurar justificações na estranheza daquele mundo (Mandela, a África do Sul, o rugby) dentro do cinema de Clint. Porque se reduzirmos a coisa a arquétipos a estranheza dissipa-se: Mandela como garante do equilíbrio precário entre a lei (e a ordem) e uma anarquia cuja sombra se mantém iminente, num país, para todos os efeitos, "novo". (Que Clint pensou no "western" diz-nos aquele plano paisagistíco - um baldio suburbano - ainda no princípio, um plano totalmente dominado por linhas horizontais, aproximável dos planos de abertura do Unforgiven, por exemplo. E o primeiro encontro, bastante divertido, entre os guarda-costas negros e os guarda-costas brancos tem a tensão "nonchalante" de um encontro entre bandos de pistoleiros rivais forçados a trabalhar em conjunto. Ou a intervenção de Mandela na reunião do Conselho Desportivo). Autoridade moral e autoridade simbólica, com o rugby a fazer figura de "objecto" que importa proteger de qualquer tipo de corrupção. Tudo isto é perfeitamente eastwoodiano, se não dermos muita importância ao desenho das bandeiras.
Porque é que que Clint deixa que a modorra se instale, acompanhada de uma meia-dúzia de apartes convencionalíssimos? Sei lá. Talvez falte confronto, talvez falte uma definição -uma imagem - clara daquilo a que a(s) personagem(ns) se opôe(m). Sendo um filme pós-conflito, talvez falte o momento em que se escolhe um lado (que quando o filme começa já está, digamos, pré-escolhido), o momento da tomada de consciência que é fundamental em tantos Clints (a "conversão" da personagem de Matt Damon não é bem isso). Se, o desporto como metáfora, fazer um filme sobre Mandela é um bocado como fazer um filme sobre um árbitro, não espanta que todo o conflito seja transferido para os jogos de rugby entre a África do Sul e as equipas que se lhe atravessam ao caminho, e para a adesão dos negros à equipa de rugby do seu país. Mas ainda aqui, não está já tudo escolhido e decidido desde o princípio?
Claro: Mandela é uma figura admirável e o povo sul-africano (os pretos e os brancos, mais os de outras cores que por lá andem), visto através do filme, não é menos admirável. O panegírico é um modelo tão estimável como qualquer outro. Mas há décadas que se deixou de saber fazê-los bem. E a Clint - que não é o "último dos clássicos" coisa nenhuma, antes o "primeiro dos pós-clássicos" - está visto que não passaram o segredo (a culpa não é dele, é só que os segredos de "factura" da Hollywood clássica enterraram-se com ela). Resta a consolação de ser bem melhor do que o "sports film" do seu herói pessoal, John Huston (Fuga para a Vitória).
Não menos claro: apesar de parecer uma bande-annonce para o Mundial de Futebol 2010, e de o seu optimismo estar completamente fora de moda, a sobriedade de Invictus é infinitamente mais séria do que muita tralha "radical" (pueril) e "autorística" (de imitação) que anda a ser vendida como obra-prima. But don't get me started on that.
Pormenor de capital importância: 2 ou 3 estrelas? Duas fazem jus ao lugar do filme na obra de Clint. Só três prestam justiça ao seu lugar ao pé da tralha. Afortunadamente, tenho uns dias para decidir.

Sunday, January 31, 2010

Se isto são os "leitores"

Crítica por: Mastroianni de Guimarães

É por este pseudo-intelectualismo e deprimência pessoal do critico que não ligo às criticas do Publico. Tal como dito por outros, o critico deve ser parcial e tentar perceber que nem toda a gente é entendida em cinema, e muito menos a tentarem induzir o espectador num comentário no mínimo ultrajante que tem todo o intuito de deitar abaixo o filme. Sinceramente não concordo absolutamente nada com o que escreveu e devo dizer que as suas palavras revelam unicamente frustração profissional da sua parte. Critico que se preze sabe separar o trigo do joio dependo do contexto em que este se insere. Deixe de se armar num pseudo.intelectual que tenta engatar ''miúdas'' com o seu vocabulário ''caro''. Não impressiona, só dá vontade de rir.

Crítica por: Andre de Viseu, Portugal

" "Anticristo" não é um filme feito para se ver, é um filme feito para se falar sobre ele. Oferece a cana, o anzol e o isco: tem imenso para "interpretar", fará furor em sessões com "debate". " Esta frase resume muito bem a minha opinião acerca deste Anticristo. E como para mim os filmes são feitos para se ver, este Anticristo parece-me de todo um filme falhado. Queria no entanto deixar aqui uma nota muito negativa à crítica do Sr. Luís Miguel Oliveira. Penso que um crítico de cinema não escreve nem para si (ou só para si) nem para um nicho de pessoas que percebem de cinema. Escreve sim para pessoas que gostam de cinema. Nesse sentido é gritante a falta de preocupação que esta crítica tem em tornar-se perceptível - já nem falo em ser cativante (como um qualquer bom trabalho jornalistico deve ser). Afinal os criticos ainda têm um papel importante em levar as pessoas ao cinema a ver um determinado filme ou não. Mas para isso é importante que as críticas sejam claras e, sim, cativantes.

Crítica por: Costas Mandylor de Pigeiros

Eu que costumo dizer mal de tudo, nunca vi ninguém dizer tão mal de um filme. Lamento a sua falta de profissionalismo, mas louvo a comédia que aqui evidenciou na sua critica. Simplesmente divinal. Mas confesso que o monte de treta que aqui escreveu, serve essencialmente para mostrar que a dada altura foi seu desejo ser profissional do mundo do cinema. Ás tantas não conseguiu. Que outra razão haverá para falar de forma tão autoritária das técnicas utilizadas em ''Anticristo''? Só pode ser isso. Tenho pena do seu pretensiosismo rebuscado, e pseudo-intelectualismo barato, que roça por si só, a valente vontade de destruir por completo esta obra. Todos têm direito á sua opinião, contudo, um bom critico não deve nunca, mas nunca, influenciar um leitor á margem de não ter sequer vontade de ver um filme. Quem é o senhor para impedir quem quer que seja de ter a sua opinião sobre um filme, uma vez que quem ler isto não vai ter sequer vontade de ouvir o titulo ''Anticristo''?! Um critico tem acima de tudo uma responsabilidade social, uma vez que partilha os seus pensamentos com outros ao publicar o seu artigo. Isto é fascismo puro! Vá ver o ''Laço Branco'', caso não tenha visto, e aprenda alguma coisa com os miúdos do filme. O senhor é o Anticristo dos críticos. Cumprimentos Mandylorianos.

Crítica por: Pedro Veríssimo de Lisboa

Goste-se ou não se goste do modo como ele escreve (e eu não gosto), o texto do Luís Miguel Oliveira exprime a opinião dele sobre o filme. A maior parte dos comentários que aqui leio limitam-se a deitar abaixo o texto sem explicar o que é que quem os escreve achou do filme (se é que o viu). Parece que estavam à espera de um texto de que não gostassem para lhe cairem em cima, exactamente como acusam o Luís Miguel Oliveira de fazer, refugiando-se por trás do anonimato em argumentos que já não convencem ninguém. Em vez de ler comentários que propusessem outras opiniões sobre o filme, só temos insultos de treinadores de bancada que nem sequer se identificam, que não dizem nada sobre o filme, que só dizem mal do texto e do crítico (e que só aparecem quando é ele que escreve, curiosamente). Para citar o inenarrável sr. de Almada, que comentadores são estes?

Crítica por: Marisa de Setúbal

Vi o "Anticristo" mais como um teste à minha sensibilidade do que outra coisa qualquer. Chocou-me sim, tanto, que a música do início ficou algum tempo a soar na minha cabeça, como uma má recordação de alguma coisa que não cheguei a perceber o que era, pelo pouco que extraí deste filme.

Crítica por: A de Almada

Como sempre o senhor Luís miguel Oliveira a escrever uma crónica anacrónica e irrelevante denominada pela máxima "dantes é que era bom". Que crítico é este?

Crítica por: Anti-Críticos de Portugal

Estes críticos portugueses estão cada vez melhores. Se o filme fosse francês já lhe davam 5 estrelas. Enfim, não há mesmo palavras. Por isso é que não vale a pena ler as críticas dos supostos "especialistas" portugueses em cinema. Especialistas, esses sim, são muitos dos bloggers portugueses que conseguem ser parciais nas suas críticas. Há que ter mente aberta meus amigos. Eu sei que gostam muito de cinema europeu, eu também, mas há que saber ver tudo.

Crítica por: NL de Lx

Suponho que o "Luís Miguel Oliveira" nunca tenha ouvido falar de "pós-modernismo"... talvez se devesse informar, pois é um conceito relevante para sequer se começar a compreender a obra do von Trier. Sem ser a obra-prima do dinamarquês, "Antichrist" é um bom filme repleto de motivos de interesse. Não estamos em 1975?... Bem, para alguns de nós a magia do Cinema é este ser intemporal. Ainda hoje para mim foi 1964 com "Kwaidan" do Kobayashi. Para outros, haverá "Avatar" (a versão 3D com os óculos 3D...) ou qualquer outro produto descartável que marque os sinais dos tempos.

Crítica por: Leonidas de Somewhere

Quanto à critica só tenho um comentário a fazer..."deplorável"...as expressões de latim destinadas a transparecer uma imagem séria não disfarçam a falta de imparcialidade e o saudosismo bacoco em relação a modelos antigos e ultrapassados que o autor da critica demonstra ter, e é incompatível com a seriedade que um critico do cinema deve ter. "Maus" são muitos dos filmes que passam em certos canais da televisão portuguesa a partir das 14h. "Maus" são filmes de fim do mundo, que estoiram orçamentos milionários e tudo para repetir fórmulas de efeitos especiais já mais que vistas. Um filme que tenta inovar e apresentar algo de novo pode ter as suas falhas, agora um filme ser considerado "mau" por ser "diferente" creio que se trata de um insulto para quem ama o cinema. Os meus cumprimentos para todos os cinéfilos!

Saturday, January 23, 2010

Angel face

E dizer que a Jean Simmons que agora se foi (1929-2010) deu a Preminger, milhões de anos antes das marionetas de Haneke, essa arrepiante criança diabólica de rosto angélico - Angel Face - no ponto culminante do quarteto infernal (Laura, Sidewalk, Fallen Angel, Angel Face) de Herr Otto.
A caixa de velocidades como arma contra o Mal: perguntem a Mitchum.

Sur Rohmer

Skorecki, aqui:
qu'un homme de cette qualité là puisse en un clin d'oeil disparaître sans bruit, sur la pointe des pieds, dit toute sa noblesse .... que les medias et surtout la télé restent muets devant sa mort (il filma pour la télévision scolaire des heures et des heures de pures leçons de cinéma) en dit long sur l'inculture de ces mêmes medias ... c'était évidemment le plus grand cinéaste français après bresson, et avant brisseau et moullet, deux de ses plus brillants disciples .... on va encore chercher deux ou trois autres mots à dire (qui s'ajouteront au seul texte digne qui ait été publié sur la mort de rohmer, celui de philippe azoury dans libération), mais on peut déjà avancer sans crainte de se tromper, qu'il était à lui seul le cinéma, et qu'il a tout appris à jean-claude biette, marguerite duras, jean eustache, et aussi à un certain .... woody allen (la collectionneuse est de 1967, annie hall de 1977)
à propos de la mort en douce d'éric rohmer, on peut d'ores et déjà remarquer une chose: seuls ses acteurs lui ont été fidèles, témoignant humblement de ce qu'il leur avait appris, avec une intelligence et une modestie qui forcent l'admiration ....
PS. la mort de rohmer permet enfin d'en finir avec l'hérésie fondatrice du cinéma de bresson , ce sublime aveuglement qui lui fit tenir le théâtre comme seul responsable de tous les maux du cinéma, alors qu'il aura été -de loin- le plus génialement théâtral des cinéastes, depuis ses deux films inauguraux, les anges du pêché (incursion sublime dans le porno mizoguchien), et les dames du bois de boulogne (contamination du récit par une intrigue parallèle sado-lesbienne)... rohmer se sera plutôt attardé, de biais, sur les perversités des petites filles modèles, bresson s'en tenant à un érotisme plus frontal, plus balthusien, mais tout ça n'aura été au fond que théâtre, sublime théâtre, et rien de plus ....
E em Lisboa, para a semana.