Wednesday, August 31, 2011

Notícias da Ocupação

Querem um bom, e muito prático, nada abstracto, exemplo de como a televisão vai invadindo as salas de cinema? Eu sei que não queria. Mas ei-lo: em várias salas de Lisboa (já vi no Corte Inglès, no Alvalade, e de certeza que pelo menos em mais outra ainda), depois da publicidade e dos trailers, aparece um "engraçado", saido dos programas de "humor" que pululam pela televisão, a fazer muita força para parecer ainda mais parvo do que deve ser, a desbobinar, num suposto "discurso directo", um monólogo sem ponta de graça (mas que ele, o engraçado, obviamente acredita ser genial), vagamente alusivo ao cinema (ou ao "cinema") em geral, durante uma quantidade de minutos que parece uma eternidade. É uma coisa penosa, um tormento que só pode ter por objectivo esvaziar as salas ainda mais do que o que elas já estão. Magro consolo, ainda não ouvi, durante qualquer das vezes em que me submeti a tal tortura, qualquer gargalhada com origem na plateia, como se o pessoal se limitasse a gramar aquilo com a estóica indiferença de quem sabe que não vale a pena fugir, porque provavelmente se for para casa e ligar a televisão dá de caras com o mesmo gajo, ou um gajo parecido. 

Parece que é a TMN que paga aquilo. Boa coisa eu ser da Vodafone, ou havia aqui uma relação comercial a considerar.

Nota acessória apenas parcialmente relacionada com os parágrafos acima: estou firmemente convencido de que o mundo já acabou, not with a bang but with a whimper (por isso é que não houve notícias, mal se deu pelo acontecimento), e vivemos, agora, em pleno aftermath.

Thursday, August 18, 2011

Yeah, right

Parece (e sublinho, parece) que vai estrear em Portugal a 8 de Setembro. Até pode não ser "muito bom", como tenho lido e ouvido, mas quer dizer: na pueril miséria que vai pelas salas (sai super-herói, entra super-herói, e se não é super-herói é quejando) difícil é que The Ward não marque uma diferença qualquer.

E depois, razão para desconfiar, boa parte das pessoas que dizem mal do filme também dizem mal de Ghosts of Mars. Yeah, right. Como nesta abertura da crítica de Jeannette Catsoulis no NY Times, caso típico de uma pessoa que pensa que está a dizer mal de um filme: "John Carpenter’s The Ward,” his first feature since the disappointing “Ghosts of Mars” (2001), continues the painful decline of a director who seems more nostalgic for past glories than excited about new ideas. Quaintly old-fashioned in style, plot and special effects, this familiar tale of female derangement and institutional abuse is too tame to scare and too shallow to engage".

Para além de passar por Cigarette Burns e Pro-Life como cão por vinha vindimada, a senhora acaba o texto a dizer que Sam Raimi, de resto um sujeito perfeitamente respeitável, Raimi, esse sim, é que sabe. Yeah, right.