Filmes de aviadores (e não necessariamente "de aviões", que nos filmes que vou citar até se vêem pouco) foram nos anos 30. A grande rima é entre o "Last Flight" do Dieterle, no princípio da década (1931), e o "Only Angels Have Wings" do Hawks a fechá-a (1939). Apesar dos voos, são ambos filmes sobre aviadores em terra, todos um bocado queimados, literal e metaforicamente. E há um rima interna, muito directa, pouco me importa se fortuita, concentrada nas personagens de Richard Barthelmess, o actor mais triste do mundo, que está nos dois filmes: no "Last Flight" uma ferida nas mãos impede-o de segurar no copo como os outros; no "Angels", perto do final, uma ferida nas mãos impede-o de segurar no copo como os outros.
Thursday, January 15, 2015
Filmes de aviadores (e não necessariamente "de aviões", que nos filmes que vou citar até se vêem pouco) foram nos anos 30. A grande rima é entre o "Last Flight" do Dieterle, no princípio da década (1931), e o "Only Angels Have Wings" do Hawks a fechá-a (1939). Apesar dos voos, são ambos filmes sobre aviadores em terra, todos um bocado queimados, literal e metaforicamente. E há um rima interna, muito directa, pouco me importa se fortuita, concentrada nas personagens de Richard Barthelmess, o actor mais triste do mundo, que está nos dois filmes: no "Last Flight" uma ferida nas mãos impede-o de segurar no copo como os outros; no "Angels", perto do final, uma ferida nas mãos impede-o de segurar no copo como os outros.
Friday, January 09, 2015
Froken Julie
Que coisa insípida, a "Miss Julie" da Liv Ullmann (estreia para a semana), tão escolar como uma peça encenada por um grupo teatral de liceu (com a diferença de que numa peça encenada por um grupo teatral de liceu haveria mais entusiasmo).
Ofereço-vos a bastante esquecida, mas ainda surpreendente 64 anos depois, versão Alf Sjöberg da Froken Julie:
Tuesday, December 30, 2014
Luise Rainer, 1910-2014
A extraordinária longevidade não se coaduna com o estrelato tão episódico nem com uma filmografia que, apesar dos óscares, não deixou nada de muito especial. Mas disso Luise Rainer, que só andou por Hollywood basicamente enquanto quis andar, não deve ser culpada.
(em 1939, em Paris, fotografada por Robert Capa).
Monday, December 22, 2014
Nunca pude com o Joe Cocker, nem mesmo com aquele Joe Cocker do Woodstock a chacinar o "With a Little Help From my Friends". Mas sempre achei muita graça à Debra Winger, o que faz deste clip a escolha natural para um "in memoriam" (o facto de ser a única canção do Joe Cocker que eu consigo ouvir - só isso, "consigo ouvir" - ajuda um bocado - só isso, "um bocado").
Friday, December 19, 2014
Carpenter, Pasolini (via Ferrara), e as virtudes da espera
"Why don't we just... wait here for a little while...
see what happens?" - último diálogo do The Thing do Carpenter.
"Let's wait here. Something will happen" - último diálogo do "filme no filme" (tirado do Petrolio, será?) no Pasolini do Ferrara.
Com tanta insistência estou praticamente convertido: ficar aqui e ver o que acontece.
Friday, December 12, 2014
Wednesday, December 10, 2014
Tuesday, December 09, 2014
Short stories dentro de short stories
"Uma noite, sentado nos degraus da central eléctrica, vi um homem a carregar uma máquina de escrever, uma IBM Selectric III. Pareceu-me logo tratar-se de uma daquelas pessoas que roubam máquinas de escrever da universidade a coberto da noite. - Sabes escrever à máquina? - perguntei-lhe. E ele respondeu: - Merda, meu, não sejas burro. - Perguntei-lhe porque é que roubava máquinas de escrever, e ele respondeu: - Estes cabrões não têm mais nada de jeito para um gajo roubar. - Eu ia sugerir-lhe que devolvesse a máquina de escrever, quando um outro homem emergiu do escuro, trazendo consigo outra máquina de escrever. - Esta merda pesa com'ó caraças - queixou-se este ao primeiro, e foram-se os dois embora, a dizer palavrões. Uma IBM Selectric III pesa aproximadamente 18 quilos."
Monday, December 08, 2014
Lista
Os filmes de que mais gostei em 2014, dentro do circuito comercial português, em lista que serviu para apurar o "top 10" dos críticos do Ipsilon. Arrumados em cinco gavetinhas, e por ordem alfabética dentro de cada gavetinha. (O último podia ser outro, até podia ser o Boyhood, mas como faltava cinismo requintado a esta lista optei pelo Porumboiu).
Cavalo Dinheiro, Pedro Costa
E Agora? Lembra-me, Joaquim Pinto
The Immigrant, James Gray
La Jalousie, Philippe Garrel
Only Lovers Left Alive, Jim Jarmusch
A Vida Invisível, Vítor Gonçalves
A Erva do Rato, Júlio Bressane
L'Image qui Manque, Rithy Panh
Nebraska, Alexander Payne
Metabolism, Corneliu Porumboiu
Vi menos "filmes novos" fora do circuito comercial do que noutros anos; de entre os que vi, mencionaria Welcome to New York (Ferrara), Kommunisten (Straub), Phantom Power (Pierre Léon), La Sapienza (Green), Les Trois Désastres (JLG).
E creio que, salvo falha grave de memória, não é muito mais do que isto.
Friday, December 05, 2014
Monday, August 04, 2014
Wednesday, April 03, 2013
Wednesday, March 27, 2013
Friday, January 11, 2013
Carax / Marey (+ Bowie)
O travelling que liga Mauvais Sang a Holy Motors (cf. a cena do “motion capture”, o travelling que agora é – como tudo – falso); o momento 1 é Marey, cujos planos polvilham Holy Motors; e é disto, duma raiz, até no sentido biológico do termo, que Carax fala.
(melhor visto em “loop”, 10, 20 vezes se for caso disso).
Thursday, August 23, 2012
Histoire(s) sans cinéma
We haven’t seen the 20th century’s most important films: German films of the extermination camps (even if their shooting was officially forbidden); Soviet films of the gulag (Solzhenitsyn thought they were never made); Chinese films about the camps, which Wang Bing is finally beginning to shoot; scientific films about the splitting of the atom; films about those workers who, at the very end of the 19th century, never left the factory but were instead chopped up inside Chicago’s abattoirs.
Nicole Brenez, aqui.
Friday, August 17, 2012
Tuesday, August 14, 2012
Em Lang as mãos servem para muita coisa; raramente para isto
Mas evidentemente nem na ternura se deixa de estar na clandestinidade, sob ameaça e - mais ainda - sob vigilância.
(excerto de You and Me, o Lang/Weill que antecedeu, de alguns anos, o Brecht/Lang)
Tuesday, August 07, 2012
I'm very sorry for what I did to Jesse
I Shot Jesse James, o primeiro Fuller, em DVD numa noite destas. A memória, de facto, plays tricks (julgava que era daqui um certo e determinado plano subjectivo e afinal não é, e agora, de onde raio é?, dammit) – mas não era esta a nota que queria passar a escrito. Antes esta: que I Shot Jesse James, na sua passagem do conforto do mito à sua inabitabilidade (porque o mito se tornou um “mito negro”: é o covarde Robert Ford, o seu reflexo está por todo o lado, tornou-se teatro e tornou-se canção), da família à orfandade, de um pai que se mata (Jesse James) a um pai que mata (Kelley) – que I Shot Jesse James, dizia, me pareceu o ponto de ligação (que alguém poderia defender ser, eventualmente, antes uma des-ligação) entre Ford e Ray.
(John Ireland, psicologia feita esgar, podia, por sua vez, ligar Peter Lorre a John Derek ou James Dean – ideia talvez mais discutível, e até acessória, mas bastante entusiasmante num contexto de “política de actores”).
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