Saturday, December 22, 2007

Tops (a pedido do Ricardo)

Um amigo ligeiramente obcecado por listas, mas que não vou nomear nem sequer dizer que tem um blog (chamado Devaneios), insiste que quer ver os meus "tops". Faço-lhe a vontade.

Os meus filmes preferidos (conto apenas estreias comerciais, que é só uma fatia, cada vez mais fina, do bolo todo) foram, por ordem alfabética, estes:

Belle Toujours
Cartas de Iwo Jima
Control
Deathproof
Honra de Cavalaria
Inland Empire
Lady Chatterley
Luzes do Crepúsculo
Paranoid Park
Promessas Perigosas

Still Life
e tenho a certeza de que me falta aqui um, que acrescentarei quando me lembrar. De qualquer modo é injusto: fora um trio que para mim faz o mais entusiasmante de 2007 (digamos: Cartas de Iwo Jima, Deathproof e Still Life), há para aí um grupo de 20 filmes de que gosto bastante e cuja memória reterei. Entre eles está o Capacete Dourado, de que gostei mais do que, pelo que me disseram, se percebeu na altura.

Gosto sempre de escolher "o melhor filme menor do ano" (que tem que ser americano e não se fazer anunciar nem pelas trompetas publicitárias nem pela evidência de um nome de autor - ou seja, um filme à antiga americana). Este ano escolho Breach (título português não me recordo), de Billy Ray.

Quanto a livros, do caos que é a minha disciplina de leitura, sempre digo que Jill, de Philip Larkin, foi o romance que mais gostei de ler, e Cinco Dias em Londres, de John Lukacs, (Churchill aguenta-se-não-se-aguenta durante Maio de 40), o livro de história que mais me entusiasmou (tenho agora ali O Muro de Berlim a olhar para mim). Poesia, uma pequena edição só com a Love Song of J. Alfred Prufrock que devo ter lido no dia 1 ou 2 de Janeiro, e de que por alguma razão me lembrei em todos os dias do resto do ano. Do melhor livro de cinema que li este ano já falei várias vezes, nem o menciono (se são não sei quê "meus leitores" têm obrigação de saber).

Gostei muito do Chekhov na Cornucópia mas há anos que não ia tão pouco ao teatro (apesar dos gentis convites que me são assiduamente endereçados por uma das melhores companhias teatrais lisboetas).

Discos - comprei muitos. Mas no fundo no fundo só ouvi o Boxer e o Callahan. Com a idade, torno-me chato e previsível.

Saturday, December 15, 2007

Steadycam

Não há instrumento mais idiota do que o steadycam. Ou por outra, não há instrumento mais idioticamente usado do que o steadycam. Sempre da mesma maneira, para o mesmo tipo de cenas - há muito operador e muito realizador que julga usar o steadycam quando na verdade está a ser usado pelo steadycam. Quantos filmes conhecem que se sirvam do steadycam com uma inteligência, digamos, "reflexiva", indiciadora de que alguém esteve pelo menos cinco minutos a pensar naquele mecanismo? Shining, de Kubrick, é um dos poucos exemplos que ocorre (e porventura um exemplo inultrapassável). Mas deviam conhecer Pollet, Jean-Daniel Pollet: o que ele faz com o steadycam em Trois Jours en Grèce (e, como Kubrick, no quadro duma "teoria e prática do plano subjectivo") é absolutamente admirável.

Friday, December 14, 2007

Não esquecer ainda que seus bordos senti

Meus caros amigos, vocês deram-me o melhor dos pretextos para voltar a passar uma letra do Dylan pelo translate-o-mat do Google (e Deus sabe como gosto de o fazer):


Na maior parte do tempo

Estou claramente centradas em torno

Na maior parte do tempo

Posso manter ambos os pés no chão

Eu posso seguir o caminho, eu posso ler os sinais

Stay direito com ela, quando a estrada unwinds

Posso lidar independentemente I cair

Eu nem sequer aviso que ela desapareceu

Na maior parte do tempo


Na maior parte do tempo

É bem compreendido

Na maior parte do tempo

Eu não mudá - lo, se eu pudesse

Eu não posso fazer isso todos altura, não posso realizar meu próprio

Posso lidar com a situação direita para baixo ao osso

Posso sobreviver, não posso suportar

E eu nem sequer pensar sobre seu

Na maior parte do tempo


Na maior parte do tempo

A minha cabeça está na recta

Na maior parte do tempo

Eu sou forte o suficiente para não odeio

Eu não criar ilusão "até que me faz doente

Eu não tem medo de confusão, não importa quão espessa

Posso sorriso no rosto do homem

Não esquecer ainda que seus bordos senti como em mina

Na maior parte do tempo


Na maior parte do tempo

Ela não está ainda na minha mente

Eu não sei se ela me viu seu

She's que muito atrás

Na maior parte do tempo

Eu não posso sequer ter a certeza

Se ela estava sempre junto de mim

Ou se é que alguma vez foi com ela


Na maior parte do tempo

Estou halfways conteúdo

Na maior parte do tempo

Eu sei exatamente onde tudo foi

Eu não defraudar sobre mim

Eu não correr e ocultar

Ocultar do sentimentos, que são enterrados no interior

Eu não compromisso e eu não fingir

Eu não mesmo cuidado se eu nunca vê - la novamente

Na maior parte do tempo.

Tuesday, December 04, 2007

Eleonora Rossi-Drago (1925-2007)


Numa estrutura, é certo, mais romanesca do que as de Antonioni nos filmes com Monica Vitti, pelos olhos de Eleonora Rossi-Drago, na sua personagem incomodada/receosa (isto é, apaixonada) de Estate Violenta, passava já qualquer coisa que não era bem daquele tempo, ou que não era só daquele tempo: tanto de trágica, amenizada pela necessidade de contenção emocional, como de grande actriz moderna ainda não totalmente desprovida de psicologia sentimental. Por mim, não trocava um único plano de Rossi-Drago nesse filme por toda a filmografia da Vitti. E isto não é dizer mal da Vitti (nem de Antonioni), é dizer bem da Rossi-Drago, do Zurlini e do jovem Trintignant, que é bem capaz de ser (e confirmem o vazio da sua expressão por exemplo no Conformista de Bertolucci) um dos cinco maiores actores do cinema europeu. Estes três juntos são um milagre, que se chamou Verão Violento.


E o André ainda não publicou um post que prometeu há meses.

Monday, December 03, 2007

Triple bill #5

Moonlighting, Jerzy Skolimowski, 1982
+
I Hired a Contract Killer, Aki Kaurismaki, 1990
+
Eastern Promises, David Cronenberg, 2007