Enquanto me apedrejam (ide ver o Ipsilon online) por não gostar do Fincher (e vão enchendo os bolsos de calhaus para o Revolutionary Road, Cassavetes picado na Moulinex, 1,2,3, fácil de mastigar, a mim deixa-me com vontade de bife cheio de nervo), sempre posso dizer que (Clints à parte) o meu filme americano preferido de Janeiro (creio que ainda estreia este mês) foi a Valquíria de Bryan Singer. Já devem saber o que é, que a máquina não brinca e nos últimos dois anos foram periodicamente surgindo notícias do filme: uma reconstituição do July plot, com Tom Cruise no papel de Stauffenberg. Parece-me de longe o melhor filme de Singer, para cujos X-Men e Superman (e Kayser Soze) nunca tive muita paciência (embora, de certa maneira, se possa dizer que na Valquíria ainda estão os X-Men, o Superman e até o Kayser Soze), e Cruise, sem margem para sorrisos e caretas, tem o seu melhor papel desde o Kubrick.
Se me lembrei, dois posts abaixo, dos "heil hitlers" do Lubitsch foi por causa de uma cena (ou melhor, de um plano) do filme de Singer. O que Lubitsch destruiu pela irrisão e pela repetição, até que fosse uma lengalenga desprovida de reverberação, Singer destroi com uma imagem, física, imediata: o amputado Stauffenberg a fazer a saudação, mas em vez da mão estendida há apenas um coto. O "heil hitler" destruido "por dentro", por dentro da sua própria monstruosidade.
Não via um coto assim, tão ou mais expressivo que muitas mãos inteiras todas juntas, desde o final da Caça de Oliveira.
Uma boa ideia em 1963 é um boa ideia em 2009, e vice-versa. O resto importa pouco.
PS - Ainda não vi o van Sant.