Querem um bom, e muito prático, nada abstracto, exemplo de como a televisão vai invadindo as salas de cinema? Eu sei que não queria. Mas ei-lo: em várias salas de Lisboa (já vi no Corte Inglès, no Alvalade, e de certeza que pelo menos em mais outra ainda), depois da publicidade e dos trailers, aparece um "engraçado", saido dos programas de "humor" que pululam pela televisão, a fazer muita força para parecer ainda mais parvo do que deve ser, a desbobinar, num suposto "discurso directo", um monólogo sem ponta de graça (mas que ele, o engraçado, obviamente acredita ser genial), vagamente alusivo ao cinema (ou ao "cinema") em geral, durante uma quantidade de minutos que parece uma eternidade. É uma coisa penosa, um tormento que só pode ter por objectivo esvaziar as salas ainda mais do que o que elas já estão. Magro consolo, ainda não ouvi, durante qualquer das vezes em que me submeti a tal tortura, qualquer gargalhada com origem na plateia, como se o pessoal se limitasse a gramar aquilo com a estóica indiferença de quem sabe que não vale a pena fugir, porque provavelmente se for para casa e ligar a televisão dá de caras com o mesmo gajo, ou um gajo parecido.
Parece que é a TMN que paga aquilo. Boa coisa eu ser da Vodafone, ou havia aqui uma relação comercial a considerar.
Nota acessória apenas parcialmente relacionada com os parágrafos acima: estou firmemente convencido de que o mundo já acabou, not with a bang but with a whimper (por isso é que não houve notícias, mal se deu pelo acontecimento), e vivemos, agora, em pleno aftermath.